sexta-feira, 19 de abril de 2013

Dá que pensar

Ontem ouvi isto.

"o problema dos portugueses, é que a maioria não vem investir, vem para trabalhar, e isso nós temos cá"

De facto, tenho de concordar com isto. A grande maioria é trabalhador, não investidor. Não investidor, no sentido verdadeiro. Mas há um outro lado, a maneira como vivemos, como compramos, como recuperamos as casas, ou ainda o nosso método de trabalho, pode ser visto como um investimento. Ou estarei errada?

6 comentários:

  1. E investir, como quem diz, trazer dinheiro e criar emprego, até acho que chegam muitos. Há muita empresa portuguesa a chegar cá. E não há mais porque ainda não é possível: faltam ainda muitas infra-estruturas, estradas, imobiliário, etc., etc.
    Há muita empresa portuguesa com vontade de investir-investir cá.

    http://ocaldeiraoeacolherdepau.blogspot.com

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  2. Olá Vanessa
    Essa questão tem muito pano para manga e se eu me puser do lado moçambicano vou te responder que estás errada porque neste momento a maior parte dos portugueses que estão a chegar estão a tentar manter a cabeça à tona, vêm para sobreviver!!!
    Em relação à habitação muitos, senão a grande maioria, já nem procuram casa nas zonas que lhes estavam "destinadas". Já vão para bairros como o central, alto-maé, baixa e até para Matola, inflacionando os preços das rendas de forma absurda. E para o moçambicano que já tinha dificuldades em fazer face aos preços das rendas, fica impossível viver na cidade! No que toca à reabilitação, posso te garantir que os moçambicanos também reabilitam muitas casas mas não te esqueças que a maior dos senhorios são pessoas que ocuparam as casas em 1976 e com o processo de privatização do parque imobiliário do estado já na década de 90, compraram as casas a preço de banana. Posso te dizer que casas tipo 4, com piscina, na sommerchield foram compradas por 10 mil USD!!! Essas pessoas não têm, nem nunca tiveram capacidade financeira para manter essas casas ao contrário de uma grande camada jovem moçambicana que hoje arrenda essas casas e reabilita-as... claro que aos preços que as casas estão, acabam por preferir comprar terrenos fora de Maputo e construir de raiz.
    No poder de compra, seja a nível de restauração, seja de supermercado, ou tudo que seja para consumo, a prática tem me dito que o melhor cliente é o moçambicano de classe média-alta. Este cliente paga à vista e regateia muito pouco. Uma das áreas em que trabalho está ligada à restauração e todos os meus clientes dizem que preferem clientes moçambicanos negros pois estes consomem sem se preocupar com o preço ao contrários dos portugueses que querem comprar uma refeição aqui com PT.
    Sobre o método de trabalho, acho que não está ligado à nacionalidade mas sim à formação e capacidade de cada indivíduo com tal.
    Ainda sobre o investimento, vou chamá-lo pseudo. Já perdi a conta de portugueses que chegam a Maputo que nos vêm (à minha empresa) bater à porta a tentar parcerias. O que tenho visto é que querem fugir de uma situação financeira precária e acham que encontram o el dourado em Moçambique. Querem fugir aos impostos, arranjar formas de pôr dinheiro em PT, querem estar em Moz sem cumprir com as regras de trabalho ficando meses a fio com visto de turismo, pagam salários miseráveis aos nacionais e etiquetam os moçambicanos como burros e incapazes.
    Não entendas este meu comentários como anti-portuguesa pois como já te disse antes, também o sou. Só que o meu lado moçambicano faz-me ter uma visão alargada desta situação.
    Beijinhos

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    1. Sim sim, concordo completamente contigo. Até acho que é mesmo isso. E até acho que ainda vai piorar, como agora vemos, há muitos a viverem em casais. Não emigrei para isso.
      Acho que também tens razão quanto ao mau tratamento aos moçambicanos, noto isso, quando digo o quanto pago aos meus funcionários, e dizem-me sempre que estou a "estragar o mercado".
      Mas também podemos ver, que apesar não investirmos, uma vez que somos pelintras, e estamos a chegar com o dinheiro contado, temos uma outra maneira de investir no país. Ou seja, vivermos aqui, obriga, a gastarmos dinheiro aqui. Apesar de ser ainda pouco, a quantidade de portugueses, e estrangeiros, acaba por obrigar a haver uma melhoria de todos os serviços.

      Mas vendo bem, sim, há moçambicanos com muito dinheiro, muito dinheiro mesmo!

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  3. Gastar dinheiro para viver não é investimento. :-)
    Melhoria de serviços, sim, concordo.

    Essa do "estragar mercado" por tratar bem os empregados já ouvi. Tenho 20 empregados na empresa e todos além do óbvio salário, recebem horas extras, subsídio de alimentação e transporte. Já ouvi que só os idiotas é que pagam horas extras!!!! Em casa tenho duas domésticas e uma entra às 7h e sai às 15/16h, limpa a casa e engoma (roupa lavada na máquina), toma pequeno almoço e almoça, recebe 4.500,00. A outra que cozinha e cuida dos meus filhos recebe 5.800,00 horário das 7h às 17h, faz refeições e nunca dormiu em minha casa!!!

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    1. Eu pago igualmente bem. Mas se queres que te digo, o pagar mal é também entre mz. Aí é de comum. Sei de pessoas que ganham 1500mts e nem um pão tem direito. uma vergonha,
      A minha ganha 6mil, pago os medicamentos, trabalha das 9 as 15, faz almoço, come o nosso almoço. dou-lhe chapa, dou roupa, muitas vezes pago as coisas dos estudos dos filhos.

      mas há quem pague 2000 e diz "eles aguentam", e olha que já ouvi mt disso dos mz. E os portugueses aproveitam-se. É como se costuma dizer, os mau exemplos aprende-se logo e se não há um bom carácter, não se recusa.

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