terça-feira, 26 de abril de 2016

Quando um amigo se vai embora

Reconheço que sou uma pessoa de poucos amigos. Os meus amigos, são de sempre e para sempre. De vez em quando lá aparece um ou outro que conquista o meu coração e passa para a pasta dos amigos. São poucos, e nos últimos tempos tive a maior decepção de sempre, por isso, prefiro mesmo poucos. Daqueles que só eles sabem da minha vida, da minha casa, do que eu vivo e como vivo. São poucos.

Em Portugal tenho os meus amigos, aqueles que sei sempre onde ir. O que falar, o que rir, o que gozar. São os meus amigos. Não são assim tão poucos, são seleccionados para serem meus amigos. Dificilmente entra um amigo novo no meu mundo. Os que entram, é porque de facto têm algo de especial.

Ora, aqui, neste país temos o melhor de dois mundos. Se é um facto que as amizades crescem mais rápido, também é um facto que a grande maioria não presta. É verdade. Tenho muita pena em dizer isto (ou pode ser azar) mas a grande maioria de portugueses não presta. Uns não são boa gente. Sei que custa ouvir isto, mas ser boa gente é muito mais que uns sorrisos e andar de bar em bar com muita gente, fazer viagens e ser cool nos restaurantes.
Há uns anos um amigo foi embora, e para mim foi um grande golpe. Um sentimento de abandono com tristeza. Senti uma injustiça tremenda neste abandono, que não merecia. Um ano depois, fui literalmente atroiçoada pela pessoa que menos suspeitaria (mais uma dura lição), fiz o luto e a pessoa morreu para mim. Morreu na importancia, na necessidade que tinha em estar com ela. Não morreu na minha memória do que ela fez (faz)...(e o universo irá encarregar-se-á de a castigar)
Com o passar do tempo ele regressou, e se no inicio pensei que seria uma alegria ele voltar, rapidamente percebi que nada seria como antes. Talvez porque não tem tempo, talvez porque se dá com pessoas que não conheço (e ainda bem) ou simplesmente porque se dá com a pior pessoa que pode existir. Somos amigos é um facto, mas não sei lá muito bem como. Estamos separados, mas sabemos que podemos contar um com o outro. É uma amizade mais separada.
Isto tudo para dizer que há umas 2 semanas outro meu amigo, a pessoa mais próxima de mim. A pessoa que me leva pregos, e que faz jumma todas as sextas comigo. o meu amigo que me traz theramed. O meu amigo que toma muitos pequenos almoços comigo e que vou contando tudo a ele foi embora. Não de Moçambique, mas para muito longe. Fazendo com que estejamos raramente juntos. Se me custa? Custa mesmo muito, afinal tenho um grupo limitado de pessoas aqui, e qualquer baixa é afectada. Com este meu amigo, sei que não me vou aleijar. Ambos fomos vitimas da bruxa má de Moçambique, ambos ficamos chocados em como fomos enganados e ambos passamos juntos pela decepção da coisa. Ambos sobrevivemos, e ambos já gozamos com as coisas. E o melhor disto, a nossa amizade ficou mais forte com isto! Também sei que ele foi para uma coisa melhor, mas não me deixeo de sentir egoista e de o querer perto de mim, talvez por segurança, talvez para não me sentir sozinha, não sei. Sei que neste momento sinto-me sozinha, e ele faz-me tanta falta.

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