segunda-feira, 20 de abril de 2015

E que tenho a dizer sobre estes ataques?

Sou uma pessoa de paz. Gosto de me sentir segura. Não avalio as pessoas pela cor, pela nacionalidade. Analiso pela sua personalidade, pelas suas qualidades, seja branco, preto, chinês ou brasileiro.
Sou incapaz de odiar um povo por inteiro. Sim, admito, há cacteristicas que os povos têm que gozo, que me irrita, mas daí a desejar morte, de andar à catanada nas ruas, a expulsar outros grupos vai um grande passo.
Não compreendo este tipo de agressividade. Não compreendo mesmo. África foi feita por tribos, todas são importantes. Não consigo perceber essa raiva por outros.
Aqui o que se passa é perigoso, para todos. Sejam de que cor forem, é contra emigrantes. Pessoas que estão a trabalhar, e que como eu, mudaram de país para melhorar de vida. Somos assim tão perigosos? Esta violência é contra todos, e todos somos importantes para pararmos este movimento contra o nós, os emigrantes.
Não podemos deixar que isto continue, não podemos mesmo. Temos de nos unir. Fazer boicotes, manifestarmo-nos, dar a conhecer o que se passa, há fotos por todo o lado. Não podemos menosprezar o que se passa neste país aqui ao lado, porque pode passar a fronteira, e ao passar, todos estamos em perigo.
Este sentimento não se pode admitir, há espaço para todos, independentemente da cor, origem e credo, e é por isso que luto. Luto porque acredito, porque pratico esta igualdade. Na minha forma de viver não há cor nem nacionalidade, há pessoas que prestam ou não, e este é o pensamento certo.

Agora pessoalmente, após estes ataques, começo a pensar, será que isto vale a pena? O Gus crescer aqui? Num país que será sempre dele, mas que será sempre diferente, e que um dia o pode renegar? Vale a pena crescer num país que nunca verá o meu filho como um cidadão moçambicano? Vale a pena? Cada vez mais, o meu regresso está mais perto, e estes ataques aumentaram mais esta vontade de sair de cá!

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