Por vezes tentamos sorrir, tentamos dar algum conforto, uma palavra para amenizar algumas situações.
Esta semana veio uma colega, entrou na sala a tremer e eu na minha frieza perguntei
"Diz lá!" (sem notar que estava a chorar)
A voz a tremer e com lágrimas a escorrer, mas ainda em modo de vergonha..
"a minha irmã morreu"...
Eu, devo ter aberto os meus olhos de tal maneira, e sem conseguir deitar um único som para a acalmar...
"Ontem os filhos gémeos morreram, ela entrou em coma e morreu hoje" (juro que me disse assim, rápido e sem parar)..
Olhei para a miúda, e só lhe disse "tenho tanta pena, vai para casa e estou aqui se precisares"
Não fui capaz de perguntar mais nada, o que tinha acontecido, que se passou com os bebés, nada, fiquei assim imóvel.
Quando voltei ao fim do dia, e falei com o resto das colegas obtive a pior das respostas
"D. Vanessa, é uma pena, mas é muito comum aqui."
"xiii, hospital público, aqui?? D. Vanessa, o teu bebé não ia sobreviver..."
Às vezes esqueço onde estou, esqueço a sorte que tenho, as condições que posso ter e dar ao meu filho. Por vezes consigo esquecer que vivo em África, mas a dura realidade nunca desaparece, paira sempre nas nossas vidas.
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